Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que, se se fechar os olhos,
ao abrí-los ela não mais estará presente
com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha;
parta, não vá
e que possua uma certa capacidade de emudecer
subitamente e nos fazer beber
o fel da dúvida. Oh, sobretudo,
que ela não perca nunca, não importa em que mundo,
não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
de pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
transforme-se em fera sem perder sua graça de ave;
e que exale sempre
o impossível perfume; e destile sempre
o embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.